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Mostrando postagens de março, 2018

O filho de Ariano

Era madrugada alta, devia ser entre três e meia e meia. Ariano acordou de um sobressalto. Quase se pôs de pé de forma repentina e abrupta, o que fez Joana semi-despertar. Ela já estava pronta para um protocolar "tá tudo bem?" e logo em seguida voltar a dormir, mas dessa vez foi diferente. Ariano pegou-a pelos ombros e olhando fundos nos seus olhos disse: Joana, o nosso filho acaba de ser concebido. Em algum lugar perto de nós ele foi encomendado e logo vai chegar. Achando toda aquela conversa para lá de esquisita, Joana resume toda a sua incredulidade em um cenho franzido e um: vai dormir... Foram anos tentando ter um filho, mas do ventre de Joana ele nunca veio. Ariano sabia que lhe faltava uma criança. Sabia que ela estava em algum lugar, só não sabia onde. Rodou pelas redondezas. Nos primeiros anos se demorava pra chegar em casa do trabalho por ficar circulando com o carro a procura da criança. Chegou a ter alguns problemas no shopping por ser um homem estranho obse

O grito do silêncio.

Dizia Tucídides que "O silêncio deles é uma eloquente afirmação." Alguns milhares de anos depois, o americano Jack Kerouac cria que "o silêncio em si é como o som dos diamantes que podem cortar tudo!" O silêncio lhe parecia sábio, o mais sábio a se fazer, mas eis que se depara com Carlos Ruiz Zafón e a ideia de que "O silêncio só é necessário quando não se tem nada de válido a dizer. Ele faz com que até os idiotas pareçam sábios por um minuto." Estaria fingindo-se de sábio, estaria escondendo-se atrás do muro das lamentações? Ou melhor, teria ele ido para dentro do muro? Nunca estivera em cima dele, sempre teve suas próprias opiniões. Mas, estava disposto a brigar por elas?  Quantas vezes decidiu gritar de pulmão cheio? Quantas vezes precisou gritar até a garganta sangrar? Por que temer? O que poderia ele dizer que não deveria ser dito? Nunca falara de nada que não conhecesse ou não acreditasse. Temia o confronto? Dizem os acadêmi