O nascimento.
Eram dias lindos, o vento corria solto pelas matas, passava safadamente dando beijos apressados pelos rostos das folhas verdes da primavera, e estas, nem tempo de reagir tinham. Mal o vento vinha, já se tinha ido. Arrastava consigo o odor gostoso de grama molhada. Os animais eram poucos, mas bem grandes, e do alto de seu tamanho descomunal não faziam um único urro ou grito incompreensivelmente assustador, eram os senhores e calmamente viviam e sentiam, expressavam sua vontade com paciência e eloquência. E assim, era. Mas havia, em meio a todos os bichos, um que não partilhava dessa felicidade, era um dos poucos que podia ficar em pé, mas quase não o fazia, passava dias inteiros de costas pregadas ao chão, as plantinhas até o cobriam, pensando se tratar de mais uma pedra no meio do caminho. Até que: Ai, ai. Corriam feito loucas, era um salve-se quem puder, mais uma vez haviam cometido o erro de se pregarem aquele monstro que de tão cego, não via que ao se levantar com pres...