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Mostrando postagens de julho, 2014

Julião e Maristela

Eram perfeitos, Julião sabia disso, todos sabiam disso, estava estampada na cara de todos o quanto eram perfeitos. Ele encontrou Maristela quando menos esperava. Vinha de um relacionamento meio conturbado, havia acabado ser rejeitado. Andava meio cabisbaixo, mas por uma daqueles momentos que só o destino é capaz de explicar (ou uma intervenção divina caso vocês, como Maristela, sejam devotos ferrenhos de Sant'Antônio... Que mulher devota, não perdia uma única novena, trezena ou septena, estava em todos os terços na rua ou onde quer que lhe chamassem). Ela rira pra ele no momento mais difícil, na mesma hora aquela gargalhada cheia lhe mostrou que aquela era a mulher. Juntos sorriam de manhã, de tarde e de noite. Com ela conseguia ser o homem mais feliz do mundo... e não, essa não era apenas mais uma daquelas expressões exageradas de amor, era a mais pura demonstração da realidade. Não conseguia resistir a gargalhada dela. Caia no riso também! Juntos construíram uma casa nova, tr

Aquele que um dia quase foi mas nunca chegou a ser e acabou se tornando aquilo lá.

O som alto dos carro de propaganda das lojas vizinhas a rodoviária tocou a insanidade ébria e sonolenta dele fazendo-o despertar. Com a parte de trás da mão limpou a baba misturada com vômito que se colavam nos parcos pelos que tinha ao redor da boca.O jornal velho abaixo de si gemeu como que para lembrá-lo de uma vida inteira, de um mundo inteiro que estava la fora, gritando pela sua volta. Mas não podia, não tinha coragem. Havia jogado tudo fora exatamente por isso... não tivera a coragem certa, para fazer a coisa certa, na hora certa... O gole quente da cachaça desceu queimando a garganta ressecada. O primeiro era sempre assim.  Toda manhã era sempre assim... Era aquilo que fizera de si próprio. Quando teve a oportunidade de ir, não foi. Quando teve a oportunidade de ser, não conseguiu. Quando teve a oportunidade de permanecer, arriscou... Com os braços retesados olhou para si próprio no espelho marcado, quebrado e pequeno dentro daquela moldura laranja de a

A fumaça

Acendeu um cigarro. Tragou com força, queria sentir o calor dentro de si como a tanto não sentia... - Cof... cof... não sabia ao certo o que estava fazendo... Pensou que talvez o cigarro conseguisse fazer com que ele entrasse naquele estado de concentração que só os personagens de filme conseguem ter depois de um momento muito complicado... Tentou mais um, duas, três vezes... sabia que aquilo não era certo. A cada tragada ouviu o Drauzio Varela falar sobe os malefícios do tabagismo, ouviu sua namorada falar sobre como alguém próximo da família sofrera para largar o vício depois que usou indiscriminadamente o cigarro para tentar caber no vestido que ia usar no casamento da filha. Viu um milhar de caixas e seus traqueostomizados e impotentes... Viu, lembrou... Sentiu... Compreendeu. Aquilo era errado, mas queria mesmo assim... Todos nós temos alguma merda a esconder... que seja isso. E que da ponta desse fogo queime o ódio que o consome... Se alguém precisa sofrer com as consequênci