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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

A travessia.

Era uma vez, dois cachorros atravessando a rua.. .. .. .. .. .. Vruuuuuuummmmmm! . . . Só um terminou a travessia. *Baseado em lamentáveis fatos reais. É triste ver motoristas lidando com isso como se não fosse nada. Mas é real.

O último batismo.

As gotas voavam vorazes sobre o azulejo quebrado. Mal terminavam de escorrer lá se vinha outra leva. As mãos sujas e firmes sacudiam o pincel com a displicência mecânica de quem há muito já não se dava conta do que estava fazendo. Os rostos tristes contemplavam pela última vez o corpo. Há alguns momentos era o padre, com o baldinho e algumas plantas a aspergir a água sobre o caixão. Há bem menos tempo ainda eram os olhos a jorrar o líquido sobre as faces rubras de dor, cansaço e saudade. Agora era ele, uma versão grotesca da morte que levava nas mãos um caixote de madeira cheio de cimento. Não usava preto, muito menos uma túnica. O corpo quase desnudo fedendo a cachaça com apenas um chinelo de tira azul e encardido impediam o pé purulento com duas gazes amareladas de caminhar por aquele chão ausente de vida. Seus movimentos rápidos logo deram por encerrado o assunto. Fechou a tumba. Cimentara o pai de alguém, o marido daquela, o amante da outra. Não tava muito

O amado.

O corpo dolorido reclamava pedindo um pouco de descanso. Sentia as juntas preguentas de suor. Os joelhos rangeram. Levantava-se de junto da cama com dificuldade. Ergueu os olhos já acostumados com a escuridão do quarto sem luxo e vislumbrou seu amado. Chamaram-na de louca quando largou tudo por causa dele. Não acreditavam que fosse possível, mas para ela era! E estava sendo. Caminhou lentamente, inicialmente com as pontas dos pés, mas pouco a pouco foi permitindo que a planta toda se encostasse ao chão frio de sua cela. Banhou-se com cuidado, seu dia estava chegando. Precisava estar linda, precisava estar majestosa. Tinha que estar a altura dele. Com o corpo cheirando a sabão de coco foi se deitar. Com as mãos debulhou as contas do rosário e descansou. Amanhã professaria seus votos. Amanhã deixaria tudo de lado. Via cada rosto irônico, cada risada ao conhecer-lhe o sonho. Relembrava as palavras duras do pai e da mãe. Sentiu-se triste pelo namorado que