é isso mesmo morganna, na mesma viagem, por varias vezes a cena se repetiu, mas ao invés de cães eram pessoas, aí, do nada, o freio do onibus prestava, sei que a vida humana é incomparável, mas exemplifico para mostrar que, se vc se importa, da pra evitar.
O dia era daqueles em que o medo da chuva fazia com que ao lado de cada pessoa surgisse um adereço, mas ao mesmo tempo logo fazia brotar o arrependo da roupa mais grossa. Nublado e abafado parecia uma senhora de idade com prisão de ventre. Depois de quatro quilômetros de caminhada e de uma pequena carreira ele conseguiu um lugar no ônibus. O vento que espera entrar pela janela teimava preguiçoso a não entrar enquanto o engarrafamento não passasse. Os ouvidos preenchidos pela música que brotava do fone o transportavam para dali há horas. Talvez estivesse com ela. Sorriu. Aqueles sorrisos que não tentam se esconder, que abrem a boca e desencostam os dentes. Era um dia feliz. Quem sabe já já estaria com ela.
"sapere aude" dizia a tatuagem no pescoço da moça a sua frente na fila do mercantil. Ouse saber ela queria dizer... Esquecia ela que o saber é irreversível, e, às vezes, só às vezes, ele achava que a ignorância podia ser uma benção. O conhecimento é inquietador. Se não é possível alimenta-lo e acalma-lo, assim como o lobo, ele ronda... Cerca... Às vezes mostra os dentes... E um dia, ele sempre morde. Talvez não saber seja uma benção, como diziam os medievais. A bendita ignorância... Mas ao mesmo tempo, não saber, não significa que não exista. "Cuidado meu bem há perigo na esquina"... E do outro lado da curva não existe uma reta.
A mente viajada num misto de sono e cansaço. O olhar saltava de poste em poste. Eram os carneirinhos que lhe restavam. Lá fora a vida corria louca ao compasso da pressa. Há uma mão de distância, ele tentou saber o que se passava. Ela estava lá do outro lado. Ele queria descansar. Ela queria esgrimar palavras. Preferiu se deixar ser golpeado e dormir o sono dos derrotados. Afinal, só queria descansar.
Que tristeza! E o pior é que realmente eles nem sentem remorsos por isso, é como se tivessem passando por um pedaço de pau e não uma vida!
ResponderExcluiré isso mesmo morganna, na mesma viagem, por varias vezes a cena se repetiu, mas ao invés de cães eram pessoas, aí, do nada, o freio do onibus prestava, sei que a vida humana é incomparável, mas exemplifico para mostrar que, se vc se importa, da pra evitar.
ResponderExcluirnossa!!!
ResponderExcluirmuito triste...
é como se estivesse vendo essa cena na minha frente
fico feliz que vc tenha gostado. apesar de triste por lhe fazer sentir algo tão ruim...mas bem, foi o que tive o azar de ver.
Excluir