é isso mesmo morganna, na mesma viagem, por varias vezes a cena se repetiu, mas ao invés de cães eram pessoas, aí, do nada, o freio do onibus prestava, sei que a vida humana é incomparável, mas exemplifico para mostrar que, se vc se importa, da pra evitar.
Era uma manhã de domingo como outra qualquer. Remexia papéis e cadernos velhos, procurava por referências, apontamentos e até mesmo uma dose de inspiração para as aulas que viriam daqui a pouco. Sempre vale a pena rever os papeis, sempre existem comentários esquecidos, anotações a serem repensadas e adaptadas para o presente. Contudo, não procurando, encontrei-me. Encontrei a mim mesmo de um modo que nunca fui mesmo tendo querido ser. Vi os rabiscos de fim de caderno, naquela última e surrada folha que recebia todo o descarrego das aulas enfadonhas, das tristezas de brincadeiras sofridas e até mesmo de amores não correspondidos. Vi-me toscamente rabiscado. Era um bombeiro de peito forte e cabeludo, tinha anos de corporação e voltara a cidade. Sim, voltara um herói. Ela reparava como tinha sido tola por ter-me deixado ir e voltava toda apaixonada e transformava o esnobado em carinho. Em outra era um diplomata, sonho antigo e ainda presente, noutro um astronauta, mais além,...
Arrastou a mão pelo rosto para limpar a baba que escorria do sono ébrio. Sentiu a barba mal feita, a mais de mês não sabia o que era uma lâmina. A mente ainda turva. O corpo suado, ainda nu sobre os lençóis molhados de suor, mesmo do lado do ventilador Arno de pazinhas azuis do paupérrimo e minúsculo quarto em que se encontrava. Lentamente a cabeça retornava ao local. Esfregou os olhos vermelhos de álcool. Os pés sentiam o chão de cimento queimado esperando por uma vassoura, que certamente viria ao amanhecer, quando o movimento da casa amornasse. Persistia ao longe um som bonito e cadenciado de uma sanfona harmônica, dois outros três vozes trôpegas acompanhavam o som melodioso do já embriagado maestro. Ainda suado e babado vestiu as puídas peças de roupas que estavam no chão, ao lado das roupas miúdas de sua acompanhante que não estava mais lá. Não teve coragem de olhar. A íris já se acostumara com a escuridão quebrada apenas pela luz fraca e amarela do poste que entrava por uma b...
A mente viajada num misto de sono e cansaço. O olhar saltava de poste em poste. Eram os carneirinhos que lhe restavam. Lá fora a vida corria louca ao compasso da pressa. Há uma mão de distância, ele tentou saber o que se passava. Ela estava lá do outro lado. Ele queria descansar. Ela queria esgrimar palavras. Preferiu se deixar ser golpeado e dormir o sono dos derrotados. Afinal, só queria descansar.
Que tristeza! E o pior é que realmente eles nem sentem remorsos por isso, é como se tivessem passando por um pedaço de pau e não uma vida!
ResponderExcluiré isso mesmo morganna, na mesma viagem, por varias vezes a cena se repetiu, mas ao invés de cães eram pessoas, aí, do nada, o freio do onibus prestava, sei que a vida humana é incomparável, mas exemplifico para mostrar que, se vc se importa, da pra evitar.
ResponderExcluirnossa!!!
ResponderExcluirmuito triste...
é como se estivesse vendo essa cena na minha frente
fico feliz que vc tenha gostado. apesar de triste por lhe fazer sentir algo tão ruim...mas bem, foi o que tive o azar de ver.
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