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Mostrando postagens de setembro, 2012

A dança

Veio caminhando lentamente, como que a revisar cada um dos passos na memória.  Mas a mente estava limpa, sem pudores ou medos. Usava uma camiseta verde escura por cima de um top acinzentando que combinava com a calça de moletom colada também em tom de cinza. O cabelo escorrido atrás das costas ainda molhado escondia o tom aloreado natural. Sob as suas gotas os milhares de prismas se escondem, sob sua camada escura a vida pulula nos açudes e nos mares e também sob aqueles fios. Colocou a sacola de viagem onde guardava a pouca bagagem que tinha no chão. Um chão que parecia se misturar ao infinito em uma mar de grama verde e milhões de margaridas amarelas cheias que olhavam-lhe diretamente, como que a captar a luz que emanava. Seus dedos podiam sentir a grama fazendo-lhe cócegas nos pés. Um pouco de terra preta ficou presa entre as dobrinhas dos dedos. Não sentiu nojo, não se sentiu suja. Sentiu-se viva! E tão viva que sobre aquela grama, sentindo o beijo do sol sobre sua pe

A bexiga Cedilha.

Parecia uma cedilha. Caminhava pela rua com os olhos fixos no chão. Ao mesmo tempo percorria caminhos distantes. Os olhos perdidos não viram a pedra diante dos pés. A topada quebrara-lhe a magia. Há pouco corria em terras distantes enfrentando monstros e vencendo bruxos, cavaleiros sem honra, beijando donzelas e fazendo com que o mundo inteiro visse o quanto era bom. Mas a pedra lhe trouxera de volta a vida. Bianca enxergou nele algo que nem ele conseguia ver. Já sofrera várias vezes por amor. Sonhara, divagara, vivera em mundos além e ainda um pouco mais distante. Transformara todas as suas fantasias em uma realidade tão bem sonhada que parecia que tinha sido, sem que nunca fossem. Foram tantas e tão belas, tão suaves e carinhosas. Sim, e lhe amaram, sem que ele gaguejasse nas palavras ou tropeçasse no medo eterno que sentia, mesmo depois de treinar horas e horas na frente do espelho. Às vezes tendo tanta vergonha de si próprio, ensaiava em silêncio, apenas olhando para