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Mostrando postagens de julho, 2012

A lenda / A canção.

O olhar vagou, a pupila semi dilatada presa no meio do olho, mirando o horizonte fez com que mente vagasse para um local e um tempo bem distantes, quando tudo era conforto, paz e tranquilidade, onde seus grandes medos estavam nas histórias da velha empregada na beira do fogo enquanto preparava o almoço e nas portas dos sonhos enquanto embalava os irmãos para dar aos patrões alguns segundos de descanso. Lembrou-se do cheiro que só a velha tinha. Um misto de sujeira com ternura que só os avôs conseguem ter. Da cama baixa em que deitava conseguia ver os nós dos dedos da velha, cansados de anos de trabalho pesado, marcados pelas inúmeras vezes que esfregara panos grossos na lavanderia e as queimaduras provocadas pelas panelas quentes que carregavam o gostoso sabor daquilo que preparava. Mas também eram nós de sabedoria. A palma da mão, grossa de trabalho parecia refletir a voz da senhora que todas as noites lhes contava as histórias de sua infância, em meio a arranhões e pigarros,