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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

O convite.

Duas doses de Chico, uma bela borrifada de perfume, mais um conferida no espelho, estava pronto. Assim achava. Carla era a mulher mais bonita do escritório. Estagiária novinha logo despertara o interesse de todo o macharal com o balançado bonito conseguido em anos de dança. O cabelo marrom anelado era todo medusa, não por ser algo do mal ou desgrenhado, pelo contrário mas era justamente esse contrário que tinha o poder de petrificar os que lhe olhavam. Ele logo tinha todos os motivos para estranhar quando em meio a uma conversa ao lado da garrafa de café ela lhe deu dois sorrisos largos com direito a olhinho fechado e o dedo indicador enrolando os cachinhos do cabelo. Só podia estar entendendo tudo errado - pensou - era feio, fraco e pobre. Entre todos os que estavam naquela repartição seria o último que ele mesmo daria uma chance caso fosse uma mulher. Mas qual o que, lá estava ela, sempre aparecendo em seu computador, com as desculpas das mais tolas possí

A sala

O mesmo cenário, um pouco de variação aqui e ali, mas era sempre o mesmo cenário. Sentado na sua cadeira suja olhava para o mundo por meio da janela. O mesmo café, a mesma caneca, o mesmo tipo de roupas, as mesmas caras, as mesmas vozes. Ele criou o ritual mas hoje é o ritual quem o constroi. De dentro da saleta fechada e meio bolerenta observava e pensava. A sala estava cheia, completa de sí. De partes que ele alimentou até a exaustão, de sonhos deixados pelo caminho, de palavras nunca ditas, de viajens nunca feitas. Por um segundo tirou os olhos avermelhados e remelentos da janela. Por uma fração menor que o piscar pensou e se decidiu a sair, no canto da boca uma fresta de algo que em algum outro tempo poderia ser o inicio de um sorriso apareceu. Levantou-se, a tempos não sentia o calor do sangue queimar-lhe as pernas até mexer a ponta dos dedos. Caminhou, dois passos a direita, dois passos a frente, o mesmo a esquerda e atras de si. Procurou a porta. Não encontro