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Um dia feliz.

O dia era daqueles em que o medo da chuva fazia com que ao lado de cada pessoa surgisse um adereço, mas ao mesmo tempo logo fazia brotar o arrependo da roupa mais grossa. Nublado e abafado parecia uma senhora de idade com prisão de ventre. Depois de quatro quilômetros de caminhada e de uma pequena carreira ele conseguiu um lugar no ônibus. O vento que espera entrar pela janela teimava preguiçoso a não entrar enquanto o engarrafamento não passasse. Os ouvidos preenchidos pela música que brotava do fone o transportavam para dali há horas. Talvez estivesse com ela. Sorriu. Aqueles sorrisos que não tentam se esconder, que abrem a boca e desencostam os dentes. Era um dia feliz. Quem sabe já já estaria com ela.

Ouse saber (?!)

"sapere aude" dizia a tatuagem no pescoço da moça a sua frente na fila do mercantil. Ouse saber ela queria dizer... Esquecia ela que o saber é irreversível, e, às vezes, só às vezes, ele achava que a ignorância podia ser uma benção. O conhecimento é inquietador. Se não é possível alimenta-lo e acalma-lo, assim como o lobo, ele ronda... Cerca... Às vezes mostra os dentes... E um dia, ele sempre morde. Talvez não saber seja uma benção, como diziam os medievais. A bendita ignorância... Mas ao mesmo tempo, não saber, não significa que não exista. "Cuidado meu bem há perigo na esquina"... E do outro lado da curva não existe uma reta.