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Mostrando postagens de agosto, 2017

Ela

Não acelerava o coração dentro do seu peito. Não lhe fazia sentir borboletas no estômago. Não o impulsionava a fazer textões de declaração. Mas ela lhe trazia paz. Ela era lar. Não importavam onde estavam, se ela estava lá, ele estava em casa. Assim foi quando viajaram, quando escolheram a primeira casa, quando se mudaram. Não era uma balada romântica ou um solo de guitarra espalhafatoso. Era o violão que lá ao fundo da música fazia a base para toda a melodia. Com ela ele era. Até seria sem, mas acostumou-se a ser e aprendeu a gostar de quem era. Ele era freio de mão e ela o momento em que se tira a mão do volante na decida da ladeira. Eram felizes cada um em si. Mas um no outro eram plenos.

Walter e os agoras.

Correu desesperado pelo meio da floresta. Os passos apressados misturavam-se com saltos curtos para fugir das raízes e pedras que viravam armadilhas no meio do caminho. O vento raspava-lhe o corpo se prendendo um pouco mais apenas nos pelos que a puberdade lhe trouxera há algum tempo atrás. Jogou-se com fome dentro da água. Deixou o corpo boiar dentro do lago. Sentia ali uma paz que a muito tempo não tinha. O clima suave e ameno o fez repousar e descansar. Estava livre. As mãos flutuando no meio da água coroavam braços estendidos em formato de cruz. Viu o sono de Carlos ao levantar a força naquele dia, cada solavanco que o ônibus que ia pelas quadras deu, sentiu a topada dele logo na entrada da fábrica. Américo, responsável pelo abastecimento estava nervoso, a esposa estava atrasada há mais de mês, com o salário atual não dava pra sustentar uma criança, ela pensava em fugir. Mariana do controle de qualidade estava com cólica, Rafael do almoxarifado ia pedir demissão,... Com os o

Um gole de realidade.

Após um dia tranquilo, onde mesmo com muito trabalho ele conseguiu concluir todas as metas projetadas para aquele dia, Carlos só queria descansar. Abriu uma cerveja e foi olhar para o mundo. As vezes na correria do dia-a-dia não sobra muito tempo para saber o que anda acontecendo. E lá foi ele. Em alguns cliques já estava no meio do mundo. Viu uma quadrilha de policiais que extorquia uma facção criminosa de venda de drogas, nos comentários da matéria tinha gente falando que tudo era uma armação dos esquerdistas contra os heróis de farda. Achou estranho uma série de articulações políticas de um pessoal que se dizia contra o presidente mas que liberou secretários para votarem a favor dele. Pensou em deixar os jornais para lá e ir ver gente como a gente. Facebook mal abriu e já viu três ex-alunos falando contra gays e que cota para negro era preconceito. O coração foi a boca e voltou empurrado pelo resto da cerveja tomada em um único gole. Melhor ir ler um livro... O mundo anda