Mar de saudades.
Todos chamavam-lhes dois pombinhos. Não gostavam muito da comparação, sempre acharam os pombos promíscuos. Desde que se acharam sabiam que era para a vida toda. Amavam-se com dedicação e paixão. Demoraram muito para se encontrar, muitos até diziam que já passavam da época de ter um par. Esperaram a hora certa, se escolheram. Juntos iam as estrelas e procuravam tocar a lua. Eram felizes. Em um imenso de felicidade ele foi a procura de comida. Tinha ido para o mar procurar alimento para ambos, e para o filhinho que estava para nascer. Passou o dia, veio a noite e ele não voltou. Passaram-se horas, dias e ele não voltava. Ela, remoendo-sem saudade voara sobre o mar. Deixava-se guiar pelo sentimento que carregava no peito e o símbolo da união que trazia no ventre. Batida após batida a força das asas ficava cada vez mais fraca, e a procura cada vez mais intensa. Voara até o amanhecer. Mas naquele dia não houve mais amanhã. E em um mar de saudades se acabou o amor dos dois pelicanos.