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Mostrando postagens de abril, 2012

Machado - Ideias do Canário

Assim como abri um precedente a Fernando Pessoa, neste post repito a atitude para o grandioso Machado de Assis. Há tempos pensava em um texto que debatesse algumas questões que estavam em latência e não conseguia redigi-lo. Ontem deparei-me com este texto machadiano que falou exatamente o que queria dizer. Reproduzu-o por que já se encontra em domínio público. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1932 Idéias do canário Machado de Assis Um homem dado a estudos de ornitologia, por nome Macedo, referiu a alguns amigos um caso tão extraordinário que ninguém lhe deu crédito. Alguns chegam a supor que Macedo virou o juízo. Eis aqui o resumo da narração. No princípio do mês passado, — disse ele, — indo por uma rua,sucedeu que um tílburi à disparada, quase me atirou ao chão. Escapei saltando para dentro de urna loja de belchior. Nem o estré

O riso dos "inocentes".

Pelo canto de olho percebia a movimentação ao seu redor. Era uma algazarra. Bolas de papel de um lado para o outro. Cadeiras sendo arrastadas. O ouvido, já treinado a reconhecer o menor ruído possível alcançava o som de alguns beijos por baixo da balburdia de risos e gritos. Estavam se divertindo. Não sabia se ficava feliz ou triste. Sua carteira estava exatamente no meio da sala. Tudo acontecia a seu redor, mas nada parecia lhe tocar. A cabeça, que sempre pendia teimosamente para baixo em uma constante manobra evasiva para evitar os olhares dos outros meninos e meninas da turma acabou fazendo com que percebesse uma moeda que vinha deslizando suavemente pelo chão de cimento batido da sala. Tomou coragem e apanhou-a. Silêncio. Por um segundo o mundo esteve em paz. Por um segundo estava feliz pelo achado. A moeda grossa de cinquenta centavos que parecia vinda do outro lado do universo teve o poder de lhe dar a certeza de que alguém se importava com ele. Atreveu-se a sorrir. Foi obrigado