A dança
Veio caminhando lentamente, como que a revisar cada um dos passos na memória. Mas a mente estava limpa, sem pudores ou medos. Usava uma camiseta verde escura por cima de um top acinzentando que combinava com a calça de moletom colada também em tom de cinza. O cabelo escorrido atrás das costas ainda molhado escondia o tom aloreado natural. Sob as suas gotas os milhares de prismas se escondem, sob sua camada escura a vida pulula nos açudes e nos mares e também sob aqueles fios. Colocou a sacola de viagem onde guardava a pouca bagagem que tinha no chão. Um chão que parecia se misturar ao infinito em uma mar de grama verde e milhões de margaridas amarelas cheias que olhavam-lhe diretamente, como que a captar a luz que emanava. Seus dedos podiam sentir a grama fazendo-lhe cócegas nos pés. Um pouco de terra preta ficou presa entre as dobrinhas dos dedos. Não sentiu nojo, não se sentiu suja. Sentiu-se viva! E tão viva que sobre aquela grama, sentindo o beijo do sol sobre su...