o chamado
Sete, oito... dez anos... não conseguia lembrar ao certo por quanto tempo ouvia aquele chamado. Por vezes chegara a sentir a voz praticamente dentro dele. Por outras, o som distante parecia que ia se perder e aumentava dentro dele o sentido de urgência. Não podia deixar que se fosse. Tentou por diversas vezes esquecer a voz, mas ela sempre reaparecia, ela sempre reaparecia. Em determinado momento fingiu para si mesmo que não era nada, que não havia voz alguma, que tudo não passava de invenção de seus próprios sonhos e desejos... Eram dias tristes, solitários, reais... Mas como sempre, ouvia o chamado e sentia o peito aquecer, sentia-se calmo, sentia que era o certo a se fazer. Jogou tudo para o alto, correu o máximo que suas pernas conseguiam correr, enfrentou ladeiras, montanhas, riachos, vales secos, rios caudalosos e sol causticante, não sabia ao certo para onde ia, mas tinha a plena certeza de onde chegaria. E chegou! Escalara horas a fio, a mente pesava pela falta de ar...