A ilha.
O som da voz de Nina Simone vinha lá de longe, de sei lá onde. Sem pedir licença entrou pelo seu ouvido e correu na velocidade do galope de Scadufax a plenos pulmões pelas planícies de Rohan, mal chegou atravessou todo o seu corpo e foi coçar-lhe o cérebro, foi despertar-lhe o coração. Parecendo gás de refrigerante enchendo a boca e explodindo o mesmo sabor por todas as papilas ao mesmo tempo. A música lhe invadiu. E numa sinapse que quase acompanhava a velocidade da luz percebeu: a rotina havia lhe consumido. Deixara que a corrente lhe levasse. Sempre que parava um pouco tentava ler ou ouvir sobre as notícias daqui e dali, de perto e de além. Sem perceber tornou-se pragmático. Seu rocha de salvação no meio da correnteza cotidiana era a música e tinha soltado os braços que durante tanto tempo a agarraram com firmeza. Mas a voz forte, aveludada, impositiva e verdadeira de Nina mexeram consigo. Parece que uma ilha se levantava sob os pés e ...