boas festas.

A musica preenchia cada canto da casa, entranhava-se ouvido a dentro.
A sala de jantar estava ricamente ornada. Guirlandas, estrelas, luzes das mais variadas piscavam aqui e acolá, dançando conforme o som das canções que por tantos anos embalaram as suas festas.
Peru assado, brilhando de tão quentinho atiçaria a gula de qualquer um que olhasse para ele.
Nozes, damascos e outras dessas frutas e sementes que ninguém no hemisfério sul come se não for em dia de festa.
O clima era perfeito, a mesa estava completa.
A árvore, esplendorosa, gigante, repleta de bolinhas e encimada por uma estrela estava toda coberta de branco.
A visão dos enfeites fez com que se lembrasse de que era hora de começar a festa.
Falou calmamente, por alguns momentos apreciou os olhos de todos sobre ele, olhavam com uma atenção que nunca conhecera, isso era bom, somente aumentava nele a sensação que era certo.
Falou sobre o mistério da vida.
Elucubrou sobre a fé cristã e a crença na ressurreição, na beleza do menino deus que se despojou de toda a sua majestade se fez um humilde humano, fraco e frágil.

Fez o primeiro brinde.

Enfiou pela goela do assustado homem de corpanzil desproporcionalmente gordo um funil e despejou uma garrafa inteira de aguardente. Até sentiu resistência nos primeiros goles, ele tentou engolir, mas quando o líquido passou a vazar pela borda queimada dos lábios ele foi para o segundo passo. Colocou um fone nos outros dois convidados e em si próprio. A música que já era alta beirou o absurdo. Parou quando viu o filete vermelho escorrendo pelos lados do rosto do homem banhando-lhe a barba branca.

Foi para o segundo convidado, deu-lhe de comer, seu prato foi feito a partir das frutinhas que recolheu da árvore de natal, bolos e mais bolos de papéis que terminavam em códigos de barras, fez com que engolisse até que não conseguisse mais mover o queixo para mastigar.

À terceira convidada apenas deu um olhar, fingiu se importar com o que ela quis dizer por entre os panos que lhe prendiam os lábios, mas não se importou. Deu-lhe um pouco do próprio desprezo.

Completou a desejando a todos a fé e a coragem.
Para finalizar acendeu as velas em honra aos deuses que eram um só.

Das cinzas dos corpos cremados ressurgiria dando início a sua nova vida.

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