Maratonista

Sentado na poltrona de couro falso, a taça de vinho esquentando entre os dedos.
O cabelo escorrendo sobre a testa e pregado no pescoço denunciava o suor.
A casa inteira era um caco.
Os móveis agora talvez não interessassem nem ao carreteiro.
Os eletrônico não tinham mais fio ou motor que funcionasse.
Do braço o sangue vertia em direção ao copo transformando o outro vinho branco em algo mais próximo de um rosé.
Se ainda tivesse espelhos veria o corpo todo recoberto de marcas.
Não havia osso que não lhe doesse.
Contudo, houvesse um espelho, provavelmente não repararia nas ronchas ou nos cortes.
Estava exausto, mas estava feliz.
O cansaço que lhe amarrava cada músculo era semelhante ao do maratonista em fim de prova.
Extenuara-se. Desgastara-se. Consumira-se.
Mas sentia-se feliz... Enfim colocara pra fora a raiva que o consumia.
Permitira que a bomba explodisse.
Apagava tudo de até então e enfim podia voltar a ser.

Sorriu.

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