Sobre a cabeça a batida oca nas telhas de argila. Ela chegou, este ano ela demorou, mas chegou. e junto dela vieram as lembranças...elas sempre vêm. Aguardava a sua chegada, pois sabia que despertaria essa sensação de temor e angustia que me acompanha a tantos anos. Na verdade não sei se a palavra correta é aguardava, muito bem poderia ser temia, receava, mas o que importa é que, agora que ela chegou, queria que fosse embora. Ela? Ou as lembranças? Sim, ela esteve lá em todos aqueles momentos que fizeram com que minha alma hoje tenha calos e rugas. Ela esteve lá quando a oito, nove anos atrás, ainda quase uma criança deixava a casa de minha primeira namorada, com o peito apertado e os olhos rubros, ouvindo um constante e sempre audível -acabou... Ela batia mansa e fina sobre mim. Acho que naquela hora, até ela sentiu pena de minha inocência e da forma cruel como aquilo me afetara, ainda não sabia como agir. Só deixei que ela me envolvesse e carregasse pra casa. Quem dera tudo tivess...
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