Marcelo e Luana
Vinha caminhando pela rua, passo lento, cabeça baixa, as pernas formigando e o peito pesado. O caminho para casa nunca parecera tão grande. Acompanhava com o olhar a marca branca da beirada da sarjeta, mas ver mesmo, não via nada, sua mente estava a quatro quarteirões, junto com duas florzinhas e um coração. Marcelo conhecera Luana a dois anos, e ao olhar para ela sabia, era ela, ela era a garota. E ela foi, a garota de seus sonhos, sonhos de beijos que começavam suaves e que iam ganhando uma intensidade que lhe fazia parar de pensar. Foi por ela que entrara nas aulinhas de inglês e conhecera Led Zepelin, Rollings Stones e Sex Pistols. Foram dois anos vivendo mais por ela do que por ele mesmo. Deixara o cabelo crescer para ficar mais parecido com aqueles caras legais de seriado americano. Tentara falar com ela e dizer o que sentia, mas tudo parecia tão ridículo. Tão ridículo quanto aquele maldito cartão que lhe enviara anonimamente no dia dos namorados. Tão ridículo quanto esse cheiro ...