Ossos!

Caminhava lento sobre as pernas finas e cheias de varizes.
As costas curvadas e doloridas.
O latejar das juntas das costelas lhe fazia arfar de dor a cada passo.
Os olhos murchos e grelados de tanto ceticismo olharam descrentes para a figura a sua frente.

Corria ensandecida, saltava e cobria abismos.
Rodopiava como pião recém-lançado.

E com graciosidade passou ao seu redor.
Ele mal conseguia terminar de virar suas doloridas costas para procurá-la e já ia ela pra outro lugar.

A visão dela lhe provocou ânsias de vômito.
Sentiu a garganta contrair, o peito arfou uma, duas vezes, os olhos ficaram vermelhos pela pressão que subia.
Vomitou!
Litros e litros escoraram-lhe pela boca, via pedaços do que comera, do que bebera, do que já ouvira, do que sentira, vomitara tudo aquilo que já fora.

Por ela. Renunciou a si mesmo, a todas as lembranças e crenças a que havia se prendido.

Fora amargo, fora dolorido. Mas agora era livre.

Saltou dois abismos, deu três piruetas. Nunca fora de dançar, mas agora, dançava com ela.

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