"Fascio"

Olhem para fora dessa sala senhores.
O que todos encontraram é nada mais nada menos do que miséria. 
Homens e mulheres estendendo as mãos ao vento esperando que alguém tenha um mínimo de pena e lhes jogue alguns trocados.
O povo jogará as moedas como sinal de arrependimento pela riqueza que possuem diante da miséria daqueles que lhes suplicam.
Sentir-se-ão culpados se não o fizerem. 
Quem são eles para simplesmente falarem: "Não, não vos ajudaremos"?
Os pobres miseráveis que nada tem não podem receber apenas carrancas. 
Se elas tiverem que vir, que venham pelo menos acompanhadas de algumas moedas.  
Afinal, somos todos iguais. 

O professor soltou uma sonora risada.

Ora... Por que sairia o homem de sua situação de miséria e abatimento se tudo que ele precisa lhe é provido pelos outros.
E mais ainda. Se esses outros não podem se orgulhar de serem melhores do que eles.
Afinal das contas, na falácia da democracia, somos todos iguais. 
É o parasita da sociedade tão importante quanto aquele que todos os dias acorda na madrugada para enfrentar até mesmo as intempéries do clima a fim de chegar ao seu trabalho e ajudar a construir esta nação?

Ajudar aos fracos nos torna mais fracos. 
Permanecer altivo passa pela inerente necessidade de dizer não.

Não a caridade falsa e proselitista que serve apenas a interesses de grupos ideológicos.
Não aos cristãos com sua falsa moralidade defensora dos fracos e oprimidos. 
Não aos socialistas e seu modelo de um mundo anárquico e cheio de zés ninguém mandando uns nos outros.
Não meus senhores. 
Não aos pacifistas que pregam que o desenvolvimento é filho da paz.

Outra sonora gargalhada.

A paz é a mãe dos fracos. 
A paz é a semente da degenerescência.
A paz é antinatural.

Vejam nossa rica e majestosa fauna. Com seus animais ferozes e poderosos.
Não são as galinhas que os homens veneram e escolhem como símbolos para si. 
Leões, lobos, águia e cervos.
Predadores.

É simples senhores.
A paz nos torna lentos, fracos e frágeis.
Vide os nossos gloriosos antepassados.
Observem a história de Roma. 
O poderoso império que derrotou Cartago e conquistou todo o mundo.
Ruiu diante da ideia de paz e irmandade entre todos os seres...
Enquanto isso, os germânicos herdaram a terra.
Carregando seus martelos e machados de batalha.
Trazendo no peito o sonho de Valhala e nas mentes a certeza de que a morte honrosa é a morte jovem, venceram a todos que se colocaram a sua frente. 

Os pacifistas plantaram.
Os guerreiros comeram.
Os heróis se eternizaram.

A paz é uma inutilidade. Amolece o corpo e enfraquece a alma.
Apenas na guerra o homem é elevado ao máximo de suas potências.
Apenas quando colocado diante de sua própria morte o homem pode vencer a si.
Ao fazê-lo, o homem pode vencer a todos.

Fomos feitos para a guerra, fomos feitos para vencer, fomos feitos para a glória.

Que venham aos montes. Nada terão a não ser a morte. Nada mais verão após nossos rostos corajosos e indefectíveis.

Daqui das terras das terras de Monte Castelo mandaremos os homens que olharão para os ratos do outro lado da trincheira e os esmagarão. Somos altivos e...

O barulho do avião foi ensurdecedor. 
Seguiram-se explosões.
Tudo deve ter durado uns vinte minutos.
Ao fim, a escola ainda estava de pé.
Os alunos estavam vivos.

O professor estava todo cagado.

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