10 dias, 10apego, 10apareceu...



Fazia dez dias desde que ela dera notícias pela ultima vez.
Mais do que isso, essa dezenas de sois se passaram sem que ela atendesse suas ligações.
Tudo bem, não ligou tantas vezes assim, não era nenhum maluco desesperado.
Ligou três vezes, nas três ouviu o telefone chamar até a ligação cair.
Tinha certeza que ela estava do outro lado do fone, olhando a luz acendendo e apagando da chamada e pensando se valia ou não a pena atender.
Criou mil desculpas. Não acreditava em nenhuma delas.
Sabia o real motivo, mas não queria acreditar.
A ficha só lhe caiu quando viu que no perfil do facebook já não eram mais amigos.
Franziu a testa por uma fração de segundos quando leu a caixinha verde: +1 Adicionar aos amigos.
Como posso adicionar alguém que é meu amigo? Ou era, sei lá...
Ligou mais uma vez precisava ouvir aquilo que já sabia ser a verdade.
Cada toque aumentava nele o misto de angustia e raiva!
“- Merda!” Desligou antes da maldita secretaria eletrônica mandar deixar recado ou sei que mais lá que aquela diaba costumava falar, nunca prestara atenção mesmo.
Contrariando seu próprio orgulho mandou-lhe mensagem pela rede social, mesmo não sendo mais amigos.
“Eu sei o porquê e nem me assustaria saber que estou certo. Queria apenas uma ultima palavra. Um adeus ou até logo. Queria saber onde está o corpo para poder enterrá-lo.”
Escreveu mais uma centena de palavras, não lembra da metade delas, pois saiam em dor. Os anos de amizade e companheirismo, as conversas trocadas, os conselhos recebidos lhe escorriam pelas pontas dos dedos que causticamente iam digitando e preenchendo a tela.
As palavras pareciam ter o poder de fazer esquecer. Quanto mais escrevia mais se conformava com a verdade, nunca mais a veria.


Passaram-se algumas horas, veio a resposta. Era tudo verdade. Ela conhecera outro alguém, uma pessoa por quem nutria muito mais do que uma amizade e ele lhe pediu para por um fim neles dois. E ela fez a sua escolha.

Não pensou em responder. Não precisava. As palavras exorcizaram de dentro dele a dor sentida. Agora, sabia que tinha um vazio, não se lembrava mais de que ou por que. Só sentia.

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