Sementes de anarquia.

Os braços já estavam meio dormentes com o frio do vento cortante que lhe pressionava os braços.
O mesmo vento invadia por cima e por baixo da blusa de botão meio fechada/meio aberta.
Ia na velocidade da loucura.
Na cabeça o capacete não conseguia oprimir as ideias de um mundo justo e libertário que preenchiam aquela mente anarquista.
As batidas aceleradas do peito tocavam no ritmo de Pet Sematary.
Não lembrava de mulheres ou filhos.
Teve muitas e alguns.
Cada um tinha ficado com algo bom seu e sempre que podia tentava dar um pouco mais.
Não era brigado com nenhuma. Todas chegaram e saíram sabendo o que ele tinha e não tinha a oferecer.
Às crianças tentava dar o que tinha de melhor, e não era dinheiro - esse era só um mal necessário para poder sobreviver, curtir, beber, fumar, ouvir,... - Deixava para eles o gosto musical e as provocações de uma outra forma de ver o mudo. Nada de ordens, nada de chantagens com presentes caros e adestramentos sociais... Dava a eles o que tinha de melhor porque era isso que fazia sempre. Seu melhor era a constante.

O passageiro estava ali no meio fio.
Mal colocou o descanso da moto para ajudar o cara a subir na moto e os tiros começaram.
Era um conjunto de errados: lugar, hora, companhia.

A moto, companheira de tantas histórias, ficou ali colada ao meio fio.
O corpo foi pra junto dos velhos que há muito não visitava e nem mesmo lembrava.
Os amigos anarquistas pela primeira vez se vestiam de preto não por ideologia mas por sofrimento.

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