Morreu...

Não era seu primeiro dia no emprego.
Não estava com casamento marcado.
Não era um caso de superação legal pra passar no Jornal Nacional.
Não era parente de ninguém famoso.

Mas era alguém.

Respirava como todo mundo.
Piscava os olhos constantemente.
Até usava fones de ouvidos no ônibus.

Não usa mais.
Levou um tiro na cabeça atravessando a rua.

Não sei se ia pra casa, se vinha do trabalho, se estava apressado ou andando calmamente.
Só sei que morreu.

Nunca soube, nem saberei quais ideias ele tinha.
Mas vi o que tinha dentro da sua cabeça.

Acho que o tiro não era pra ele.
Mas acabou achando-o mesmo assim.

Morreu... atrapalhou o trânsito... parecia até trecho de música do Chico Buarque...
Mas não era.

Era só mais uma morte.
Como tantas outras que se repetem todos os dias.
Só mais um número nas estatísticas de nossa guerra cotidiana.

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