Diversão

O celular teimoso vibrava de modo insistente.
Não havia nada mais odiável do que receber ligação no meio da escrita de uma frase no what's up.
Era um diabo de uma vibração direta que destruía qualquer concentração e raciocínio.
Ainda mais aquela barulheira toda dentro do quarto logo a frente.
Olhou para cima.
Sentado na poltrona rasgada para aproveitar o pouco de sol que entrava pelas tábuas que fechavam a janela lateral, tentou deixar o ódio escorrer. Quase com se fosse um óleo bem amargo que tinha dificuldade em descer goela abaixo.
Não deu muito certo.
Coçou a perna, depois o suvaco e por fim fungou. Tinha pegue esse cacoete em algum lugar. Nas três primeiras semanas tentou livrar-se dele. Agora... que se foda, já havia virado um ritual.
A porra da mancha de infiltração no teto estava aumentando.
Tentou concentrar-se de novo no celular. A merda do jogo não terminava de carregar as atualizações. E bem quando a porcaria pulou do 99% para alguma tela que desconhecia o maldito número 011 ligou de novo.
O celular espatifou-se contra a parede.
O movimento rápido e impulsivo veio acompanhado de um arroubo de vontade de fuder o mundo.
Tirando a faca da bainha presa na perna direita foi em direção ao quarto.
Tinha alguém para brincar. Ao menos isso tinha que dar certo.
E não achou do merda se balançar tanto durante o escalpelamento do braço que não conseguiu tirar a tira completa... Só por isso hoje ia passar bosta do cachorro em cima do músculo aparente.
Um dia esse merda aprende que na hora da minha diversão ninguém pode atrapalhar... custa aprender algo tão simples?

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