Contatos imediatos. (Parte I)

Puta que pariu... onde é que eu to?!
O olhar deu direto em uma luz de necrotério pendurada no teto acima da barriga dele.
Tentou mexer a cabeça para poder olhar melhor onde estava. Não podia, a cabeça parecia estar presa por correias na testa e no queixo.
Numa fração de segundos os capilares do corpo identificaram amarras nos braços, nas pernas e na cintura também.
Para seu maior desespero também não pode deixar de notar que estava completamente nu.
Sem ter como se mexer debateu-se sobre a maca.
Balançou para todos os lados.
O olhar fixo na luz tentou vagar para outros lugares do teto.
Começou a ver pontinhos estranhos que iam e vinham. Sabia muito bem o que era aquilo, uma consequência da luz mistura a falta de oxigenação no cérebro.
- Leia a mensagem.
- Oi? Quem é que ta falando?
O silêncio foi sua única resposta, mas não estava louco, sabia que alguém tinha falado com ele.
Meio sem querer começou a notar que o pontinhos pareciam formar uma frase. Demorou uns cinco minutos até que entendeu: Fecha os olhos. Olha pra dentro.
Ah caralho... eu não vou fechar não. 
- Alguém me tira daquiiiiiiiiiiiii.
Gritou com o máximo de força que as amarras deixavam. Algo quase inaudível.
Mas não tardou a sentir duas presenças. Depois pareciam dez, cinquenta, ... Estava rodeado. Estava cheio de presenças.
A luz apagou.

E na escuridão ele viu que eram bilhões.
Não estavam ao seu redor, estavam nele. Ou melhor, eram ele.
Em um micronésimo de segundo todas as vozes disformes tornaram-se uma só. Não um coro, não uma fantasmagórica sintonia de sons, mas uma única e límpida voz.
Nós somos um só. Agora, sai das amarras.
- Como? Que merda... eu to ficando louco... to falando com sei lá que droga é essa...
Apenas saia. Sente o vento?
Ele sentiu.
Sopre seu corpo na mesma direção do vento.
Agora abra o olho.
Ele pode ver três mesas cheias de instrumentos cirúrgicos e logo a frente delas uma maca com tiras amarradas, mas sem ninguém dentro delas.
- Ok... mal terminou de pensar e desmaiou.

Acordou atado as amarras.

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