Jônatas
- Eu mandei virar filho da puta?
Foi a ultima coisa que ouviu antes do zumbido alto começar.
Acordou meio babado.
Havia desmaiado ali mesmo.
Desconcertado e ainda bastante ardido conseguiu sentir uma presença longe pelo canto esquerdo do olho.
O zelador olhava meio assustado para ele mas logo desviou o olhar assim que percebeu que Jônatas fixava o olhar no dele.
Seu Marcos sabia que aquilo tudo era muito estranho e tinha quase certeza de que tinha a ver com os gritos que escutava vez por outra vindos de trás da quadra ou ali pelos lados do campo. Mas lá ia se meter com essas coisas... esses meninos filhos de gente metida que se resolvam.
Sentado no banco da sala de espera da direção Jônatas sabia que ia levar mais uma suspensão.
Era tudo que queria.
Era a quinta vez que chegava atrasado na aula de depois do almoço. Sempre sem uma boa desculpa. Não deu outra.
Três dias em casa.
Nunca foi tão feliz em receber um carão da mãe.
Heleonora era muito rígida na criação do filho. Não era pra criar vagabundo que ela vendia o corpo praquele bando de velhos dos Jardins. Sabia que cada vez que tinha que ir ao banheiro se limpar estava garantindo o futuro do moleque. Mas agora ele achou de não fazer valer o esforço dela para sustentar a mensalidade de mais de dois mil reais naquela porra de colégio de nome chique. Já tinha sido uma chatice incrível conseguir convencer o diretor a abrir uma vaga pro menino fora de faixa recém chegado da Paraíba. Mas nada que um pedido de um dos maiores bolsos e mais rápidos gozos da escola para abrir as portas. Seu Briolli era pai do Juninho, e um dos primeiros clientes que teve quando chegou em São Paulo. Calhou o destino de fazer com que os dois meninos estivessem na mesma série (se bem que, destino não, Heleonora preferia acreditar que era providência divina). Seu Briolli ficou em duvidas no começo, mas nada como uma mulher de deixar um pau duro para amolecer o coração... depois de três serviços bem feitos aceitou a ideia e ligou pro diretor.
Com o controle do vídeo-game na mão mas com o olhar perdido Jônatas fitava o tiroteio do Halo mas só conseguia ver a cara do Juninho e daqueles três quando chegaram com as fotos da mãe.
Foi no meio da educação física. Estavam aprendendo sobre as regras do críquete. Enfiaram o bastão na cara dele ali mesmo. Só lembra de ter acordado com o cu sangrando.
Já tinha uns dois meses... mas não queria fazer nada. Sabia o quanto a mãe ralava pra sustentar a escola. Só que vez por outra queria não ter medo e ficar só um pouco dentro de casa.
Foi a ultima coisa que ouviu antes do zumbido alto começar.
Acordou meio babado.
Havia desmaiado ali mesmo.
Desconcertado e ainda bastante ardido conseguiu sentir uma presença longe pelo canto esquerdo do olho.
O zelador olhava meio assustado para ele mas logo desviou o olhar assim que percebeu que Jônatas fixava o olhar no dele.
Seu Marcos sabia que aquilo tudo era muito estranho e tinha quase certeza de que tinha a ver com os gritos que escutava vez por outra vindos de trás da quadra ou ali pelos lados do campo. Mas lá ia se meter com essas coisas... esses meninos filhos de gente metida que se resolvam.
Sentado no banco da sala de espera da direção Jônatas sabia que ia levar mais uma suspensão.
Era tudo que queria.
Era a quinta vez que chegava atrasado na aula de depois do almoço. Sempre sem uma boa desculpa. Não deu outra.
Três dias em casa.
Nunca foi tão feliz em receber um carão da mãe.
Heleonora era muito rígida na criação do filho. Não era pra criar vagabundo que ela vendia o corpo praquele bando de velhos dos Jardins. Sabia que cada vez que tinha que ir ao banheiro se limpar estava garantindo o futuro do moleque. Mas agora ele achou de não fazer valer o esforço dela para sustentar a mensalidade de mais de dois mil reais naquela porra de colégio de nome chique. Já tinha sido uma chatice incrível conseguir convencer o diretor a abrir uma vaga pro menino fora de faixa recém chegado da Paraíba. Mas nada que um pedido de um dos maiores bolsos e mais rápidos gozos da escola para abrir as portas. Seu Briolli era pai do Juninho, e um dos primeiros clientes que teve quando chegou em São Paulo. Calhou o destino de fazer com que os dois meninos estivessem na mesma série (se bem que, destino não, Heleonora preferia acreditar que era providência divina). Seu Briolli ficou em duvidas no começo, mas nada como uma mulher de deixar um pau duro para amolecer o coração... depois de três serviços bem feitos aceitou a ideia e ligou pro diretor.
Com o controle do vídeo-game na mão mas com o olhar perdido Jônatas fitava o tiroteio do Halo mas só conseguia ver a cara do Juninho e daqueles três quando chegaram com as fotos da mãe.
Foi no meio da educação física. Estavam aprendendo sobre as regras do críquete. Enfiaram o bastão na cara dele ali mesmo. Só lembra de ter acordado com o cu sangrando.
Já tinha uns dois meses... mas não queria fazer nada. Sabia o quanto a mãe ralava pra sustentar a escola. Só que vez por outra queria não ter medo e ficar só um pouco dentro de casa.
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